A partir dos anos 90, na América Latina, manifesta-se a preocupação estatal com o delito juvenil, por meio de programas que conciliam interesses de segurança e de inclusão social. Paralelamente, estatísticas oficiais assinalam o viés masculino e juvenil do delito e de outras ações de risco, mas sem problematizar a dimensão de gênero. Assumir riscos é uma das práticas associadas tipicamente à masculinidade. Por sua vez, representa o principal questionamento que um programa de prevenção do delito juvenil realiza para seus beneficiários homens. Este artigo aborda como as definições sobre o que se considera arriscado na sociabilidade juvenil masculina são diferentes para programas e beneficiários e impõem limites aos objetivos da intervenção institucional. A emergência de tais discrepâncias permite discutir, além de tudo, o papel das instituições nas construções identitárias de gênero e a capacidade de resposta juvenil a partir de sua posição de subalternidade. O dados utilizados surgem de um estudo qualitativo sobre um programa de prevenção do delito juvenil implementado na zona sul da Grande Buenos Aires, Argentina. O trabalho de campo foi realizado entre 2007 e 2009.
Medan, M. (2020). Sociabilidade juvenil masculina e risco. Discrepâncias e acordos entre um programa de prevenção do delito juvenil e seus beneficiários. Última Década, 19(35), 61–87. Recuperado de https://ultimadecada.uchile.cl/index.php/UD/article/view/56097